Saltar para o conteúdo

«Inauguração do Monumento da Guerra Peninsular, de Falcão Trigoso

Peça em destaque

04 mar 2021

Há 142 anos nascia, em Lisboa, João Maria de Jesus de Melo Falcão Trigoso (1879-1956). O Museu de Lisboa lembra uma das obras de um dos mais destacados naturalistas da pintura portuguesa da primeira metade do século XX. 

Neste quadro, «Inauguração do Monumento da Guerra Peninsular», Falcão Trigoso captou o essencial da cerimónia realizada a 8 de janeiro de 1933: a parada militar, o pavilhão onde se reuniram as autoridades do Estado e da cidade, e a grande multidão que assistiu à simbólica inauguração de um monumento mais «verticalizante» na época do que a sensação que hoje temos ao passar por ele. 

João Maria de Jesus de Melo Falcão Trigoso nasceu em Lisboa, a 4 de março de 1879. Discípulo de Veloso Salgado e de Carlos Reis na Escola de Belas Artes de Lisboa, dedicou-se, sobretudo, à pintura paisagística ao ar livre, captando instantâneos naturalistas da costa algarvia (onde primeiro se radicou) e da cidade de Lisboa. Membro do Grupo “Silva Porto”, foi um dos mais destacados naturalistas da pintura portuguesa da primeira metade do século XX, à época já em diálogo fraturante com as novas correntes modernistas e neorrealistas.

No dia 8 de janeiro de 1933, dia em que, finalmente, se inaugurava o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular (implantado hoje na rotunda entre as Avenidas da República, Estados Unidos da América e Forças Armadas), Falcão Trigoso esteve presente e captou um dos momentos da cerimónia. Passavam vinte e cinco anos desde o lançamento da primeira pedra e tinham-se já sucedido dois regimes. Naquele início de ano de 1933, nos alvores de um novo regime que haveria de autointitular-se Estado Novo, a inauguração daquele monumento parecia ser um acontecimento memorável.

Com efeito, a primeira pedra fora lançada pelo rei D. Manuel II (1889-1932), a 15 de setembro de 1808, e a inauguração contou com a presença do presidente da República Óscar Carmona (1869-1951). A autoria do conjunto ficou a cargo dos irmãos Francisco de Oliveira Ferreira (1884-1957, arquiteto) e José de Oliveira Ferreira (1883-1942, escultor), que conceberam um complexo monumento que pretendia comemorar o levantamento popular de junho de 1808, revolta que marcou o início do retrocesso francês em Portugal e a sua posterior expulsão.

Falcão Trigoso captou o essencial da cerimónia: a parada militar, o pavilhão onde se reuniram as autoridades do Estado e da cidade, e a grande multidão que assistiu à simbólica inauguração de um monumento mais “verticalizante” na época do que a sensação que hoje temos ao passar por ele, ocupando o espaço central da composição e instituindo-se como protagonista e tema de toda a cena. O quadro foi adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa em 1936.

Explore as nossas coleções

falcaotrigoso.jpg

© Museu de Lisboa