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Remate arquitetónico em forma de coroa manuelina

Final do século XV

Calcário

ML.ARQ.0827

Fundado em 1492 por rei D. João II (rei 1481 - 1495), o Hospital Real de Todos-os-Santos foi um edifício inovador no seu tempo, ao nível dos melhores hospitais da Europa, como os de Siena e Florença, que lhe serviram de inspiração. Concluído no reinado de D. Manuel I (rei 1495 - 1521), o complexo, que concentrava os vários serviços assistenciais e de saúde, até então disseminados pela cidade, estava em funcionamento por volta de 1501, datando o seu Regimento de 1504. Implantado na horta do Convento de São Domingos, ocupava um quadrilátero mais ou menos coincidente com os limites da atual Praça da Figueira.

A fachada principal, virada ao Rossio, era dominada pela imponente frontaria manuelina da igreja, atribuída ao arquiteto Diogo de Boitaca, ladeada, ao nível do piso térreo, por uma extensa arcaria. É provável que este remate em forma de coroa, recolhido em escavações no Rossio em 1962, tivesse feito parte da fachada da igreja, como se observa em alguma iconografia do hospital anterior ao terramoto de 1755. Polo de sociabilidade e de ordenamento urbano, fechando o lado nascente do Rossio, o complexo foi muito afetado em 1755 e, não obstante ter continuado a funcionar durante alguns anos, foi definitivamente encerrado em 1775, dando lugar a um conjunto de prédios pombalinos desenhados pelo arquiteto Carlos Mardel.

ML.ARQ.0827.jpg

@ José Avelar/Museu de Lisboa