Glória de Lisboa
Executada pela Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, segundo cartões de António Lino (1914-1996) datados de 1955, a peça foi expressamente encomendada pela Câmara Municipal de Lisboa, sendo exemplar único. O contrato celebrado entre esta entidade e o artista estabeleceu um programa iconográfico em torno da evocação da cidade de Lisboa e das suas colinas, através de algumas edificações que nos remetem para um período que se inicia com a fundação da nacionalidade e se prolonga até meados do século XX. As figuras de D. Afonso Henriques, Santo António e Camões encontram-se colocadas, estratégica e respetivamente, junto ao Castelo de São Jorge, à Sé de Lisboa e à “cidade dos Descobrimentos”, esta última representada, nomeadamente, pelo Mosteiro dos Jerónimos. A “cidade atual”, da qual nos fala o referido contrato, é ilustrada por diversos empreendimentos levados a cabo durante o período do Estado Novo, como a Tribuna Presidencial do Estádio Nacional, a autoestrada para Cascais ladeada pelo polo florestal de Monsanto, a Casa da Moeda e a Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
António Lino nasceu em Guimarães e frequentou a Escola de Belas-Artes do Porto, onde estudou desenho e pintura, tendo sido discípulo de António Teixeira Lopes, Acácio Lino e Dórdio Gomes. Foi um artista multifacetado e prolífico em diferentes disciplinas das artes plásticas: desenho, pintura, aguarela, gravura, escultura, cerâmica, azulejo, tapeçaria, mosaico e vitral.
© Museu de Lisboa