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Restauro do lustre da escadaria nobre do Palácio Pimenta

14 mai 2020

Já imaginou o que é restaurar um lustre de vidro, latão, ferro e folha de ouro com 1,50 metros de altura 2,10 de diâmetro?
Começa logo pela absoluta necessidade de fazer descer do teto este colosso. Foi isto mesmo que, em 2018, a equipa de conservação e restauro do Museu de Lisboa fez, em colaboração com a Água de Cal, como nos explica no vídeo a sua coordenadora, Aida Nunes, pela voz de Paulo Cuiça, coordenador do Serviço Educativo.

Este imponente lustre de bronze e cristal para cinquenta velas pertencia a Honorina Amélia e Jorge Graça aquando da compra do palácio Pimenta pela CML em 1962, constando do Leilão do Recheio. Uma das ilustrações do catálogo do leilão permite situar no salão nobre (atual sala Marques de Pombal) o lustre e os apliques de parede que pertencem ao mesmo conjunto. Por não ter sido arrematado, tal como outras peças, permaneceu no edifício e foi incorporado no acervo do museu. Trata-se de um objeto de grande formato (altura 1,50m e diâmetro 2,10m) constituído por vidro, latão, ferro e folha de ouro de estética setecentista. No entanto a qualidade de fabrico, a diversidade de tipologias de vidros e cristais e a colocação pouco correta de fiadas de cristais que ligam alguns braços de luz apontam para a sua execução na segunda metade do séc. XIX, tal como um outro do mesmo período exposto na sala Patino do MNAA em Lisboa.

A eletrificação é posterior à sua construção, estando os fios elétricos disfarçados nas estruturas de metal.

Estando em bom estado de conservação à data do seu restauro o lustre apresentava, no entanto, patologias que necessitavam estabilização e correção. Desde logo sujidade abundante, depósitos de poeiras, falta de elementos em vidro e várias lacunas noutros elementos, vestígios de cola envelhecida e oxidada nas estruturas metálicas douradas, alguns casquilhos desativados, corrosão ativa nalguns elementos metálicos, deposição de excrementos de insetos, principalmente nos vidros, cola envelhecida e oxidada na argola de sustentação da bola central em vidro e tubos de imitação de velas muito enegrecidos.

O restauro iniciou-se com o baixar do lustre através de um sistema de roldanas, trazendo-o ao nível do patamar intermédio da escadaria onde foi montado um andaime para viabilizar o acesso físico a todas as zonas do objeto. As superfícies foram todas aspiradas com auxílio de pincel de cerdas macias. Removeram-se os 5 pináculos em vidro cristal e todos os tubos que imitavam as velas. As reentrâncias das decorações dos latões dourados foram polidas com escovas de cerdas macias. A limpeza húmida nos metais foi efetuada com água destilada morna e detergente neutro, seguida de secagem com ar quente. Os vidros foram limpos com solução de água e detergente neutro, seguido de solução de água/álcool (1:1). Removeram-se mecanicamente os pontos de corrosão ativa e as colas oxidadas. Verificou-se e corrigiu-se toda a instalação elétrica. Limparam-se os tubos que imitam as velas e recolocaram-se na sua posição de origem juntamente com as lâmpadas, fixaram-se os pináculos e a bola inferior central e subiu-se o lustre de novo até ao teto onde pode ser agora admirado em todo o seu brilho e esplendor.

Aida Nunes, coordenadora Serviço de Conservação e Restauro

Veja o vídeo

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© Museu de Lisboa